VITAL,
João Carlos
*pref. DF 1951-1952.
João Carlos Vital nasceu
em Porto Alegre no dia 11 de março de 1900, filho de José Carlos Vital Filho e
de Maria da Glória Vital.
Transferindo-se para o estado do Rio de Janeiro, estudou no
Colégio São Vicente de Paulo, em Petrópolis. Posteriormente diplomou-se em
engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade do Rio de Janeiro, no
então Distrito Federal.
Em
1920 tornou-se auxiliar de recenseamento do Distrito Federal, sendo promovido
mais tarde a delegado especial e a chefe da revisão geral. Cartógrafo do
Departamento Nacional de Saúde Pública em 1922, em 1929 foi designado chefe da
seção técnica do recenseamento e, em 1931, diretor da seção demográfica do
Departamento Nacional de Estatística.
Em
abril de 1934, foi nomeado diretor do gabinete do ministro do Trabalho,
Indústria e Comércio Joaquim Pedro Salgado Filho (1932-1934), tendo participado
da comissão especial incumbida de estudar a uniformização dos serviços de
protocolo e expediente do ministério. Ainda nesse ano foi nomeado diretor-geral
do Departamento de Estatística e Publicidade do Ministério do Trabalho. Foi
presidente da comissão organizadora do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Industriários (IAPI), criada em dezembro de 1936 e extinta, já sob o regime do
Estado Novo (1937-1945). Em janeiro de 1938, com a instituição da autarquia,
presidiu também a comissão de eficiência do Ministério do Trabalho.
Ministro interino do Trabalho, Indústria e Comércio de maio a
setembro de 1938, em substituição ao ministro Valdemar Falcão (1937-1941),
criou o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), ampliou os
institutos de previdência, instalou o novo prédio do ministério, regulamentou o
serviço de estiva e de metrologia, estabeleceu a fiscalização dos pesos e
medidas, realizou estudos sobre a construção de casas populares como meio de
superar o problema das favelas e implantou pela primeira vez no país o salário mínimo.
Organizou também o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB),
do qual foi o primeiro presidente. Em 1939 tornou-se consultor do Conselho
Permanente de Padronização de Material do Governo Federal, professor
catedrático de organização na Faculdade de Ciências Econômicas e
Administrativas e professor de estatística da Escola de Intendência da Guerra,
no Rio de Janeiro.
Defensor da implantação da ergonomia no país, foi o
idealizador e primeiro presidente do Instituto de Seleção e Orientação
Profissional (ISOP) da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Diretor
do Serviço de Estatística da Previdência e Trabalho (SEPT) em 1940, e membro,
de 1942 a 1943, do conselho da Coordenação da Mobilização Econômica — órgão
criado pelo presidente Getúlio Vargas para centralizar as atividades econômicas
ligadas à intervenção brasileira na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) —,
representou o Brasil na Conferência Interamericana sobre Problemas de Guerra e
Paz, realizada em Chapultepec, no México, em 1945, tendo presidido a comissão
de assuntos sociais. Em fevereiro de 1946 deixou a presidência do IRB.
Em
abril de 1951 foi nomeado pelo presidente Getúlio Vargas (1951-1954) prefeito
do Distrito Federal, em substituição ao general Ângelo Mendes de Morais
(1947-1951). À frente da prefeitura elaborou o Primeiro Plano de Obras,
iniciando em sua administração a construção da primeira adutora do rio Guandu,
que visava reforçar o abastecimento de água da cidade, e a elaboração do
anteprojeto do Metropolitano do Rio de Janeiro. Nesse período foram duplicados
vários trechos da avenida Brasil, foram construídas as estradas
Grajaú-Jacarepaguá, Itararé-Itaóca e Areia Branca, e outras estradas cariocas
foram pavimentadas. Foi feito ainda o estudo preliminar para o estabelecimento
do Código de Fundações e Escavações do Distrito Federal, aprovado em maio de
1955 pelo prefeito Alim Pedro (1954-1955), e apresentado ao Legislativo um
projeto de lei tributária que desencadeou intensa polêmica na imprensa e
incompatibilizou o prefeito com a Câmara, resultando, em dezembro de 1952, na
sua demissão da prefeitura. Foi substituído pelo general Dulcídio do Espírito
Santo Cardoso (1952-1954).
Participou em caráter oficioso da Comissão de Reajustamento,
criada pelo presidente Getúlio Vargas (1951-1954), encarregando-se de dar
parecer sobre os dois projetos apresentados pela Comissão Mista de Reforma
Econômico-Financeira.
Fundador e membro do conselho do Instituto de Organização e
Racionalização do Trabalho de São Paulo (IDORT), representou o Brasil no
Congresso Internacional para Estudos sobre Estatística, realizado em Roma, na
XX Sessão do Instituto Internacional de Estatística, realizada em Madri e no
Congresso do Instituto Internacional de Ciências Administrativas, realizado em
Varsóvia, na Polônia. Foi também um dos fundadores da Casa do Pequeno
Jornaleiro, no Rio de Janeiro.
Em agosto de 1981 tornou-se presidente emérito do ISOP.
Pertenceu ao Instituto Internacional de Ciências Administrativas, sediado em
Bruxelas, na Bélgica, ao Comité de l’Institut de l’Organisation Française, de
Paris, ao Comitato Italiano de Demografia de Roma e ao Instituto de Econometria
dos Estados Unidos.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 16 de abril de 1984.
Foi casado com Cordélia de Moraes Vital, com quem
teve três filhos.
Publicou Estatística predial do Distrito Federal, A
criação e a organização do IAPI e A criação e a organização do Instituto
de Resseguros do Brasil, além de artigos esparsos sobre a organização
científica do trabalho e técnicas de construção civil.
FONTES: CORRESP.
GOV. EST. GB; CORRESP. MIN. TRAB.; CORTÉS, C. Homens; COUTINHO, A. Brasil;
Globo (17/4/84); Grande encic. Delta; HIRSCHOWICZ, E. Contemporâneos;
Informativo da Fund. Getulio Vargas (9/81); Jornal do Brasil
(8/3/80 e 17/4/84); MACEDO, R. Efemérides; REIS, J. Prefeitos;
REIS, J. Rio; SOC. BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem; WAHRLICH, B. Classificação.