Saltar para o conteúdo

Sonia Rykiel

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sonia Rykiel
Sonia Rykiel em 2009
Nome completoSonia Flis Rykiel
Nascimento25 de maio de 1930
Neuilly-sur-Seine, Paris
Morte25 de agosto de 2016 (86 anos)
Paris, Ile-de-France
CônjugeSam Rykiel
Filho(a)(s)Nathalie Rykiel
Jean-Philippe Rykiel
OcupaçãoEstilista
Websitesoniarykiel.com

Sonia Rykiel (25 de maio de 1930 – 25 de agosto de 2016) foi uma estilista e escritora francesa.[1][2] Ela criou o Poor Boy Sweater, que foi apresentado na capa da revista francesa Elle. Seus designs de malhas e novas técnicas de moda a levaram a ser apelidada de "Rainha das Malhas". A marca Sonia Rykiel foi fundada em 1968, com a abertura de sua primeira loja, produzindo roupas, acessórios e fragrâncias. Rykiel também foi escritora, e seu primeiro livro foi publicado em 1979. Em 2012, Rykiel revelou que estava sofrendo da doença de Parkinson. Ela morreu devido a complicações da doença em 25 de agosto de 2016.

Vida pessoal e início

[editar | editar código fonte]

Sonia Flis nasceu de pais judeus em Neuilly-sur-Seine em 25 de maio de 1930. Sua mãe era da Polônia, e seu pai era um relojoeiro da Romênia.[3][4][5] Ela era a mais velha de cinco irmãs.[1] Em 1948, aos 17 anos, ela foi contratada para vestir as vitrines de uma loja de tecidos parisiense, a Grande Maison de Blanc.[3]

Em 1953, Sonia casou-se com Sam Rykiel, proprietário da Laura, uma boutique que vendia roupas elegantes. O casal teve dois filhos, Nathalie e Jean-Philippe Rykiel. Eles se divorciaram em 1968.[3]

Rykiel frequentemente usava roupas de sua própria marca e mantinha-se fiel ao uso de peças verdes escuras, marrons, azul-marinho e pretas. Sobre seu estilo, Rykiel disse: "Eu odeio perder tempo me vestindo. Gosto de colocar algo e apenas pensar: 'Sim. É isso.' Quando estou cansada, gosto de me vestir de forma muito simples – talvez uma jaqueta de crepe preto e calças de crepe preto".[6] Rykiel também era conhecida por seu penteado distintivo – cabelo ruivo cortado em chanel com uma franja pesada.[5]

Em 2009, Rykiel assinou uma petição em apoio ao diretor de cinema Roman Polanski, pedindo sua libertação após Polanski ter sido preso na Suíça em relação à sua acusação de 1977 por drogar e estuprar uma menina de 13 anos.[7]

Moda

[editar | editar código fonte]
Conjunto de tricô por Sonia Rykiel, Primavera-Verão 1986

Primeiros passos

[editar | editar código fonte]

Em 1962, incapaz de encontrar algo para vestir durante sua gravidez, Rykiel usou um fornecedor de roupas italiano para projetar e criar um vestido e um suéter, que incorporavam cavas altas e um ajuste encolhido para aderir ao corpo.[5] O estilo prático e moderno levou a encomendas de suas amigas e ficou conhecido como o Poor Boy Sweater.[5] Rykiel começou a vender os suéteres na loja de seu marido e o Poor Boy Sweater apareceu na capa da revista francesa Elle, trazendo fama a Rykiel. A atriz Audrey Hepburn comprou 14 suéteres em todas as cores.[6]

Sonia Rykiel

[editar | editar código fonte]

O marido de Rykiel a ajudou a criar a Companhia Sonia Rykiel em 1965.[8] Em 1968, Rykiel abriu sua primeira boutique no Lado Esquerdo.[9]

Rykiel inventou várias técnicas de moda. Ela foi a primeira estilista a colocar costuras do lado externo de uma peça, deixar bainhas inacabadas e usar slogans em seus suéteres.[5][10] Ela também foi creditada com a popularização do uso do preto.[10] Em 1972, Rykiel foi apelidada de "Rainha das Malhas" pela Women's Wear Daily.[6] Ela também era conhecida como "Coco Rykiel", uma comparação a Coco Chanel.[11] Em 1977, ela se tornou a primeira estilista a criar uma linha de roupas para a empresa de venda por correspondência 3 Suisses.[12] No ano seguinte, ela lançou sua primeira fragrância chamada Septième sens (Sétimo Sentido).[4]

No início dos anos 1990, a empresa Sonia Rykiel havia crescido para um negócio de 75 milhões de dólares, com duas linhas de roupas femininas, roupas masculinas, roupas infantis, acessórios e perfumes, e era vendida por 250 varejistas em 40 países.[13]

Nathalie Rykiel foi nomeada presidente da Sonia Rykiel em 2007.[4] Em outubro de 2008, em um desfile de moda celebrando o 40º aniversário da marca, foram prestadas homenagens a Rykiel. Trinta estilistas, incluindo Ralph Lauren, Jean-Paul Gaultier e Giorgio Armani, apresentaram suas visões da "mulher Rykiel".[12] Em dezembro de 2009, Rykiel e a H&M introduziram "Sonia Rykiel pour H&M", duas operações masstige com a varejista sueca.[14] Um evento foi realizado no Grand Palais em Paris para celebrar a coleção.

Em janeiro de 2012, a empresa Sonia Rykiel tornou-se majoritariamente propriedade da First Heritage Brands, com sede em Hong Kong, parte da empresa de investimentos Fung Brands.[15] A Fung Brands adquiriu 80% da Sonia Rykiel, com a família Rykiel mantendo uma participação de 20%, bem como os imóveis da empresa.[12][16][17]

No mesmo ano, o estilista canadense Geraldo da Conceição sucedeu April Crichton como diretor artístico da Rykiel.[18] Julie de Libran assumiu o cargo no ano seguinte.[19]

Em 2016, Nathalie Rykiel vendeu os 20% restantes da participação da família para a First Heritage Brands e renunciou ao seu assento no conselho, embora a família tenha mantido os imóveis.[20] Logo depois, a empresa implementou um grande plano de reestruturação que incluiu o fechamento da linha de difusão Sonia by Sonia Rykiel, a adição de itens de preço mais baixo à coleção principal Sonia Rykiel e demissões de trabalhadores.[21]

Para suas campanhas publicitárias, a Sonia Rykiel trabalhou com fotógrafos incluindo Dominique Issermann (1979–1993),[22] Mert Alas e Marcus Piggott (2013),[23] Craig McDean (2014)[24] Juergen Teller (2015)[25] e Glen Luchford (2016).[26]

Em meados de 2019, após anos de má gestão pela First Heritage Brands,[27] a marca Sonia Rykiel liquidou suas operações, depois que um juiz do tribunal comercial de Paris rejeitou Lévy, o único licitante restante para a empresa.[28] No final de 2019, os irmãos Eric e Michael Dayan compraram a empresa Sonia Rykiel por uma quantia reportada de 10 milhões de euros.[29]

Outras atividades

[editar | editar código fonte]

Escrita

[editar | editar código fonte]

Rykiel também foi escritora. Ela escreveu vários livros sobre moda, uma coleção de histórias infantis, colunas de revista e um romance epistolar com Régine Deforges.[3] Seu primeiro livro Et Je La Voudrais Nue (Eu a Queria Nua) foi publicado em 1979.[11] Em 2012, ela coautorou N'oubliez pas que je joue (Não esqueçam que é um jogo) com a jornalista Judith Perrignon.[30]

Design de interiores

[editar | editar código fonte]

Rykiel contribuiu para a decoração interior do Hôtel de Crillon (1985) e do Hôtel Lutetia.[31][32]

Música e cinema

[editar | editar código fonte]

Rykiel colaborou com o empresário e performer Malcolm McLaren na canção "Who the Hell is Sonia Rykiel?" do álbum de McLaren de 1995 Paris.[33]

Rykiel faz uma participação especial no filme de 1994 de Robert Altman Prêt-à-Porter. Altman foi inspirado a fazer o filme após assistir a um dos desfiles de prêt-à-porter de Rykiel.[10] A personagem principal, interpretada pela atriz Anouk Aimée, foi baseada na estilista.[10] Rykiel apareceu como Hortense no filme de comédia francês de 1998 Riches, belles, etc..[34]

Figurino

[editar | editar código fonte]

Rykiel projetou e criou os figurinos para a comédia musical francesa Les Dix Commandements em 2000.[35]

Morte

[editar | editar código fonte]

Rykiel morreu em sua casa em Paris durante a manhã de 25 de agosto de 2016, aos 86 anos. Sua morte foi causada por complicações da doença de Parkinson.[36] Rykiel revelou em 2012 que havia sofrido da doença por quinze anos.[30] Ela é sobrevivida por seus filhos Nathalie e Jean-Philippe Rykiel.[3] O presidente François Hollande chamou Rykiel de "uma pioneira", enquanto Jean-Marc Loubier declarou "É um dia triste, mas Sonia Rykiel deixa para trás um legado extraordinário."[36]

Exposições

[editar | editar código fonte]

A marca Sonia Rykiel e seus designs foram objeto de uma exposição no Musée des Arts Décoratifs, Paris de 20 de novembro de 2008 a 20 de abril de 2009, curada por Olivier Saillard.[37][38]

Honrarias

[editar | editar código fonte]
  • Oscar do Fashion Group International de Nova York (1986)[39]
  • Oficial da Ordre des Arts et des Lettres (1993)[40]
  • Prêmio de Excelência em Design do Comitê de Figurino da Sociedade Histórica de Chicago (1994).[39]
  • Oficial da Ordre National da Légion d'Honneur (1996)[40]
  • Trophée Whirlpool des Femmes em prêmio empresarial Ouro (1997)[39]
  • Comandante da Ordem Nacional do Mérito (2001)[41]
  • Promovida a Comandante da ordre nacional da Légion d'Honneur (2008)[42]
  • Grande Médaille de Vermeil da Ville de Paris[43]
  • Promovida a Comandante da Ordre des Arts et des Lettres por sua contribuição às artes e literatura (2012)[43]
  • Promovida a Grande Oficial da Ordem Nacional do Mérito (2013)[42]
  • Uma rua em Paris foi nomeada em homenagem a Sonia Rykiel em setembro de 2018.[44][45]

Referências

[editar | editar código fonte]
  1. ↑ a b Long, Carola (15 de novembro de 2008). «Left of centre: Celebrating 40 years of Sonia Rykiel». The Independent. Reino Unido. Consultado em 25 de agosto de 2016. Arquivado do original em 18 de março de 2011 
  2. ↑ Champenois, Sabrina (4 de dezembro de 2008). «L'impératrice rousse». Libération (em francês). Consultado em 24 de novembro de 2010. Arquivado do original em 30 de junho de 2012 
  3. ↑ a b c d e McFadden, Robert D. (25 de agosto de 2016). «Sonia Rykiel, Fashion Designer for the 'Fragile, but Strong,' Dies at 86». The New York Times. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  4. ↑ a b c «Queen of Knitwear Sonia Rykiel dies, aged 86». Radio France Internationale. 25 de agosto de 2016. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  5. ↑ a b c d e Moss, Victoria (25 de agosto de 2016). «Paying tribute to Sonia Rykiel: The designer who made fashion liberating». The Daily Telegraph. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  6. ↑ a b c Rykiel, Sonia (5 de agosto de 2012). «Sonia Rykiel: 'I could no longer keep my illness secret'». The Guardian. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  7. ↑ «Cruz joins famous faces in push for Polanski». Independent Online. 5 de outubro de 2009. Consultado em 19 de abril de 2022 
  8. ↑ «Company Overview of Sonia Rykiel C.D.M. S.A.». Bloomberg.com. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  9. ↑ Hyland, Véronique (25 de agosto de 2016). «Sonia Rykiel Started With a Maternity Dress and Ended With an Empire». New York. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  10. ↑ a b c d Thomas, Dana (10 de março de 1994). «Star Designer Robert Altman's New Film Will Swirl Around Sonia Rykiel's Fashion House. Who Is The Influential Parisian? She Makes Clothes For Women Who Want To Change The World.». Philadelphia Inquirer. Consultado em 25 de agosto de 2016. Arquivado do original em 20 de setembro de 2015 
  11. ↑ a b Menkes, Suzy (28 de abril de 1998). «Sonia Rykiel: Still Whipping Up the Cultural Broth». The New York Times. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  12. ↑ a b c Joignot, Frédéric (8 de outubro de 2013). «Sonia Rykiel, queen of knitwear». The Guardian. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  13. ↑ Dana Thomas (30 de setembro de 2019), What Really Happened at Sonia Rykiel New York Times.
  14. ↑ «H&M FR | Les toutes dernières tendances de la mode et des vêtements de qualité au meilleur prix | H&M». Hm.com (em francês). Consultado em 4 de fevereiro de 2016 
  15. ↑ Dana Thomas (30 de setembro de 2019), What Really Happened at Sonia Rykiel New York Times.
  16. ↑ «Hong Kong investors buy fashion brand Sonia Rykiel». Reuters. 21 de fevereiro de 2012. Consultado em 4 de fevereiro de 2016 
  17. ↑ Dana Thomas (30 de setembro de 2019), What Really Happened at Sonia Rykiel New York Times.
  18. ↑ Alexander, Ella (21 de setembro de 2012). «Sonia Rykiel Names New Creative Director». Vogue. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  19. ↑ Wang, Lisa (14 de maio de 2014). «Julie de Libran Appointed Artistic Director at Sonia Rykiel». Business of Fashion. Consultado em 4 de fevereiro de 2016 
  20. ↑ Dana Thomas (30 de setembro de 2019), What Really Happened at Sonia Rykiel New York Times.
  21. ↑ Dana Thomas (30 de setembro de 2019), What Really Happened at Sonia Rykiel New York Times.
  22. ↑ Suzy Menkes (24 de novembro de 2008), Sonia Rykiel: Designer for the independent woman International Herald Tribune.
  23. ↑ Joelle Diderich (31 de janeiro de 2014), Sonia Rykiel Unveils Spring Campaign Women's Wear Daily.
  24. ↑ Joelle Diderich (31 de janeiro de 2014), Sonia Rykiel Unveils Spring Campaign Women's Wear Daily.
  25. ↑ Miles Socha (21 de julho de 2015), Moving Like Jagger in the Rykiel Campaign Women's Wear Daily.
  26. ↑ Laure Guilbault (29 de julho de 2016), Sonia Rykiel Taps Glen Luchford for Fall Campaign Women's Wear Daily.
  27. ↑ «What the Fung Family Did Wrong — and Right — with Their Western Luxury Brands». Jing Daily (em inglês). 11 de junho de 2019. Consultado em 13 de setembro de 2020 
  28. ↑ Guilbault, Laure (25 de julho de 2019). «Sonia Rykiel to Liquidate After Judge Rejects Sale». The Business of Fashion (em inglês). Consultado em 3 de março de 2020 
  29. ↑ Dana Thomas (3 de outubro de 2020), How Many Lives Can a Fashion Brand Have? Women's Wear Daily.
  30. ↑ a b Diderich, Joelle (24 de abril de 2012). «Sonia Rykiel Addresses Illness in New Book». Women's Wear Daily. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  31. ↑ «Paris: 5 Places to Stay Hôtel de Crillon». Time. 10 de novembro de 2009. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  32. ↑ Jennings, Helen (10 de junho de 2010). «Hotel Lutetia: A hotbed of history». Metro. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  33. ↑ Hirschmiller, Stephanie (23 de julho de 2015). «Julie de Libran's book tour». The Daily Telegraph. Consultado em 25 de agosto de 2016. Arquivado do original em 14 de setembro de 2015 
  34. ↑ Bernard, Frédéric Martin (25 de agosto de 2016). «Sonia Rykiel, la "Reine du tricot", est morte». Madame Figaro (em francês). Consultado em 26 de agosto de 2016 
  35. ↑ «"Les Dix Commandments" Enraptures Locals». The Seoul Times. 2006. Consultado em 26 de agosto de 2016 
  36. ↑ a b «Sonia Rykiel: French fashion designer dies at 86». BBC News. 25 de agosto de 2016. Consultado em 25 de agosto de 2016 
  37. ↑ «Exposition : Sonia Rykiel aux Arts décoratifs». Cosmopolitan França (em francês). Consultado em 25 de agosto de 2016 
  38. ↑ Suzy Menkes (24 de novembro de 2008), Sonia Rykiel: Designer for the independent woman International Herald Tribune.
  39. ↑ a b c Boucher, Jean-Jacques (2015). Le dictionnaire de la soie: Découvrir son histoire de ses origines jusqu'à nos jours (em francês). Paris: Fernand Lanore. pp. 517–518. ISBN 9782851577634 
  40. ↑ a b Socha, Miles (25 de agosto de 2016). «Sonia Rykiel, the French fashion designer called 'the queen of knitwear,' dies at 86». Los Angeles Times. Consultado em 26 de agosto de 2016 
  41. ↑ «Rykiel … At the Fairmont Monte-Carlo». visitmonaco.com. 13 de dezembro de 2011. Consultado em 26 de agosto de 2016 
  42. ↑ a b «Sonia Rykiel, French fashion designer – obituary». The Daily Telegraph. Consultado em 26 de agosto de 2016 
  43. ↑ a b Karmali, Sarah (3 de outubro de 2012). «Sonia Rykiel Awarded Two French Honours». Vogue. Consultado em 26 de agosto de 2016 
  44. ↑ Menkes, Suzy (30 de setembro de 2018). «Sonia Rykiel Is Immortalised On Paris Street» 
  45. ↑ «Paris names street after designer Sonia Rykiel». TRTWORLD. 30 de setembro de 2018 

Ligações externas

[editar | editar código fonte]
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sonia_Rykiel&oldid=70167149"